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Sugestão de palavras e expressões para uso em relatórios de alunos: isso é "psicológico"?”



Em conversas com educadores frequentemente ouço frases do tipo “não sei se é uma questão cognitiva ou se é uma questão psicológica”, ou “acho que não é só o comportamento, tem alguma coisa psicológica aí”.
           
Esses enunciados me causam certo incômodo. Afinal, o que é isso que estão chamando de psicológico?


É fácil notar que por “psicológico” geralmente querem dizer emocional.

Ou seja, quando alguém diz que “não é só cognitivo, é também psicológico”, este está querendo dizer que há alguma vivência emocional além do desempenho cognitivo apresentado por determinada pessoa.


Mas é adequado o uso do adjetivo psicológico como sinônimo de emocional?

Creio que não!  Embora os psicólogos lidem com vivências emocionais, a psicologia em si nunca foi a “ciência das emoções”. Nunca, na história, alguém definiu a psicologia assim! (Pelo menos, eu nunca vi).

As emoções são, obviamente, parte do conjunto de fenômenos estudados pela ciência psicológica. Mas é só uma das partes.



O conjunto dos fenômenos estudados pelas psicologia inclui: inteligência, memória, emoção, motivação, percepção, atenção, consciência, comportamento, linguagem, pensamento, crenças, personalidade, psicopatologia etc.



O que chamamos na linguagem popular de “emocional”, “comportamental” e “cognitivo” são, todos, numa linguagem científica, “psicológicos”!

Logo, frases como “não sei se é uma questão cognitiva ou se é uma questão psicológica” não faz sentido no âmbito científico e devem ser evitadas numa linguagem formal, pois os eventos chamados cognitivos também são parte do estudo da psicologia.



Seja mais preciso na descrição


Educadores são frequentemente solicitados a relatar os comportamentos que eles têm observado nos alunos.

Conceitos mais específicos, de acordo com os termos utilizados pela comunidade, devem ser preferidos no lugar de um termo vago como “psicológico” quando estiver sendo feito referência a vivências emocionais.

No lugar de “não é só comportamento, também é psicológico”, a professora poderia dizer, POR EXEMPLO:

“O comportamento da criança geralmente é acompanhado de sentimentos de raiva ou de ansiedade”.

No lugar de “não sei se é uma questão cognitiva ou se é uma questão psicológica”, poderia dizer, POR EXEMPLO:

“A aprendizagem do aluno também deve ser considerada levando em conta sua ansiedade frente ao conteúdo.”
“O quadro de ansiedade do aluno decorrente de suas vivências no ambiente escolar (ou ambiente familiar) também deve ser investigado, pois pode estar trazendo prejuízos para a aprendizagem do aluno.”
“O aluno tem se mostrado apreensivo e envergonhado, o que também pode estar associado ao prejuízo no desenvolvimento das habilidades escolares.”

A dica é sempre buscar ser preciso nas descrições do que está sendo observado e evitar adjetivos vagos.


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