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Pais agressivos, ansiosos e depressivos têm mais chance de ter filhos com TOD e vice-versa

Pais e mães com transtornos psicológicos, principalmente comportamento agressivo, ansiedade e sintomas depressivos, podem contribuir para o desenvolvimento do Transtorno Opositor Desafiador (TOD) nos filhos. Por outro lado, os sintomas do TOD podem agravar os problemas psicopatológicos dos pais. É uma via de mão-dupla e, segundo pesquisadores, o tratamento deve incluir ambas as partes.
                                 

O Transtorno Opositor Desafiador (TOD) é um transtorno comum em crianças pré-escolares, caracterizado por comportamentos recorrentes de oposição e desobediência contra figuras de autoridade, como pais e professores. Estão incluídas ainda no transtorno, atitudes de desrespeito, provocação e culpabilização de outros pelos próprios erros.

A associação recíproca entre o TOD nos filhos e os transtornos dos pais foi destaque em um artigo recentemente publicado na revista científica Journal of Clinical Psychology[1].

Vários estudos anteriores também já haviam demonstrado a relação entre o TOD nos filhos e os transtornos mentais e comportamentais apresentados pelos pais. Essas pesquisas têm evidenciado que comportamentos agressivos, de rejeição e hostilidade manifestados pelos pais, são potencialmente capazes de provocar a manifestação de comportamentos agressivos pelas crianças.

Mães e pais com depressão ou ansiedade, por exemplo, podem apresentar grande irritabilidade, vínculos afetivos negativos e comportamento agressivo. Dependendo da severidade desses sintomas, pode haver aumento da frequência de problemas de comportamento nos filhos.

Além das pesquisas destacarem o efeito das psicopatologias dos pais sobre o comportamento da criança, muitas pesquisas também evidenciam a forte influência do comportamento da criança sobre as relações familiares, estilo parental, saúde e bem-estar dos pais. Pais com depressão ou sintomas ansiosos estão mais vulneráveis a sentir os efeitos negativos dos comportamentos-problema dos filhos, e o comportamento deste acaba por agravar os transtornos dos pais.

O que os estudos têm mostrado, portanto, é que há uma associação recíproca, de efeito bidirecional, entre os problemas apresentados pelos pais e os manifestados pelos filhos.


Implicações clínicas


Estes estudos têm importantes implicações para o tratamento de crianças com problemas de comportamento. De acordo com autores que pesquisaram o efeito bidirecional de psicopatologias entre pais e filhos, no tratamento de crianças com transtorno opositor-desafiador é importante que profissionais da saúde, como médicos e psicólogos, avaliem também a saúde mental dos pais e, considerada a necessidade, inclua no planejamento terapêutico também o tratamento dos pais para que possa haver melhora considerável dos sintomas apresentados tanto pelos adultos quanto pelas crianças.

Ajudar os pais a interagirem com seus filhos, através de atividades lúdicas, por exemplo, permite a construção de uma relação de cuidado mais saudável e o aprendizado de estratégias de disciplina mais eficazes que beneficia a saúde mental de ambas as partes.



Para saber mais:

[1] ANTUNEZ et al. Reciprocity Between Parental Psychopathology and Oppositional Symptoms From Preschool to Middle Childhood. Journal of Clinical Psychology, 2017.

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