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Tirar vantagem ou ser justo? Honestidade na criança depende de QUEM ESTÁ OLHANDO

por Eduardo de Rezende

Como a criança desenvolve senso de justiça moral e recusa tirar vantagem

Ser honesto, justo, jogar com fair-play, recusar vantagens indevidas — todas essas são habilidades morais aprendidas, e não herdadas geneticamente. As crianças precisam aprender a agir assim. E elas começam a desenvolver essas atitudes não pela tomada de consciência espontânea de um dever moral, mas sim pelo receio de ser julgada pelo outro. Isso é o que mostrou pesquisadores num estudo publicado no último mês na revista científica Developmental Psychology.

Segundo os autores do artigo, a decisão de uma criança em tirar vantagem ou não de uma situação que causa prejuízo para outra pessoa depende de quem é a outra pessoa. Até por volta dos 9 anos de idade*, as crianças são mais propensas a tirar vantagem nas situações em que a outra pessoa em desvantagem não tem conhecimento de que está sendo prejudicada. Por outro lado, a criança recusa tirar vantagem para não ser julgada como trapaceira quando o outro tem consciência da desonestidade.

O desenvolvimento da honestidade na infância é influenciado mais pelo desejo de parecer justo do que pela consciência de um dever moral de justiça. Com o tempo, há a expectativa social de que a honestidade seja “internalizada na consciência” da criança em crescimento — ou seja, é esperado que até a adolescência e, principalmente, na maioridade, a pessoa passe a recusar vantagens indevidas mesmo quando não tem ninguém olhando (mas sabemos que isso nem sempre acontece).



*Obs.: A idade indicada acima se refere a amostra do estudo. Não significa que crianças menores de 9 anos sempre agirão de forma desonesta quando tiverem oportunidade. Nem que maiores de 9 anos de uma hora para outra passam a agir com honestidade. O estudo apenas situa no curso de desenvolvimento da criança um padrão de comportamento moral comum nesta faixa etária.



FONTE: McAuliffe, K., Blake, P. R., & Warneken, F. (2020). Costly fairness in children is influenced by who is watching. Developmental Psychology, 56(4), 773–782.




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