1. O que é O Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH)?
O Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é a categoria diagnóstica psiquiátrica que descreve indivíduos com problemas relevantes de desatenção e/ou hiperatividade e impulsividade.
O TDAH é uma dos transtornos mais diagnosticados na infância, geralmente identificado nos primeiros anos escolares, e pode trazer prejuízos significativos na aprendizagem e no desempenho pessoal e profissional.
Crianças com TDAH manifestam comportamentos em que predominam a desatenção e/ou hiperatividade e a impulsividade. Esses comportamentos podem trazer grande prejuízo à rotina da família e, na escola, à rotina da turma, impedindo assim o desenvolvimento do funcionamento adaptativo como um todo.
Sinônimo
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Transtorno Hipercinético
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Classificação nos manuais de diagnóstico
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CID 10 – F90.0 / F90.1
DSM 5 – 314.00 / 314.01
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2. Quais as características do TDAH?
A principal característica do TDAH é um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento ou no desenvolvimento:
A desatenção manifesta-se como divagação em tarefas, falta de persistência, dificuldade de manter o foco e desorganização. A criança é comumente incapaz de manter uma atenção contínua e prolongada em diversas atividades cotidiana (jogos, tarefas escolares, refeições etc.), não se esforça como outras crianças e desiste fácil diante de um obstáculo ou fracasso. Isso acontece até mesmo quando a criança tem prazer no que faz, portanto, não pode ser justificado pelo fato dela estar cansada, desinteressada ou recusando a obedecer. Às vezes não conseguem reproduzir um enunciado simples, dando a impressão de não entender o que lhe dizem.
A hiperatividade refere-se à atividade motora excessiva (como uma criança que corre por tudo sem objetivo aparente) quando não é apropriado ou remexer, batucar ou conversar em excesso. As crianças têm clara dificuldade de permanecer quietas ou de ficar tranquilas quando as circunstâncias exigem. Nos adultos, a hiperatividade pode se manifestar como inquietude extrema ou esgotamento dos outros com sua atividade.
A impulsividade refere-se a ações precipitadas que ocorrem no momento sem premeditação e com elevado potencial para dano à pessoa (p. ex., atravessar uma rua sem olhar). A impulsividade pode ser reflexo de um desejo de recompensas imediatas ou de incapacidade de postergar a gratificação. Comportamentos impulsivos podem se manifestar com intromissão social (p. ex., interromper os outros em excesso) e/ou tomada de decisões importantes sem considerações acerca das conseqüências no longo prazo (p. ex., assumir um emprego sem informações adequadas).
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3. Quais os sintomas do TDAH?
Alguns padrões de comportamento podem ser observado nas crianças com TDAH:
● Não conseguem prestar atenção nos detalhes ou comete erros por desatenção;● Não consegue ouvir com atenção o que os outros dizem;● Dificuldade em organizar e em concluir as tarefas de casa, da escola ou do trabalho;● Evita realizar tarefas que exigem grande esforço mental;● Costuma perder ou esquecer objetos necessários a sua atividade;● Frequentemente se distrai com estímulos externos;● Agita frequentemente mãos e pés ou se contorce na cadeira;● Atividade motora excessiva, não influenciada pelo contexto social;● Levanta-se em situações que deveria permanecer sentado;● Corre por toda a parte ou sobe em tudo, de forma excessiva, em situações inaproriadas;● Precipita-se para responder às perguntas sem esperar que terminem de colocá-las;● Não consegue permanecer na fila ou esperar sua vez em jogos ou outras atividades em grupo;● Interrompe os outros frequentemente ou impõe sua presença;● Fala demais sem levar em conta as convenções sociais.
Esses comportamentos comumente são identificados antes mesmos dos 7 anos e podem persistir além da adolescência. Contudo, os sintomas mais característicos do transtorno tendem a diminuir ao longo do desenvolvimento.
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4. Qual é a causa do TDAH?
Embora os comportamentos característicos do TDAH estejam associados a disfunções neurológicas, não há uma explicação única e simples para a origem desse transtorno.
A principal hipótese é de que o transtorno é determinado por fatores genéticos, pois os pais geralmente também apresentam características diagnósticas. O transtorno seria, portanto, hereditário. Neste caso, abordagens da genética molecular levam a crer que o transtorno está ligado a uma disfunção dos sistemas dopaminérgicos.
Pesquisas em neuroanatomia e neurofisiologia sugerem que, no TDAH, uma disfunção do sistema de inibição comportamental está na origem dos sintomas.
Além da genética, alguns estudos sugerem também que a causa da disfunção neurobiológica pode ser consequência de fatores ligados à gravidez (como uso de álcool, cigarro e outras drogas) ou complicações durante ou após o parto. Produtos tóxicos, como o chumbo, também podem estar associados ao desenvolvimento do transtorno.
Fatores familiares, sociais e culturais são elementos importantes na evolução do transtorno ao longo da vida, podendo agravar ou atenuar as consequências dos sintomas. O tipo de relação construída entra pais e filhos, ou professores e alunos, irão determinar se os sintomas do TDAH trarão maior ou menor prejuízo para o desenvolvimento da criança, podendo levar ou não a comportamentos disruptivos.
5. Qual o tratamento para o TDAH?
A importância de identificar, avaliar e tratar crianças com suspeita do transtorno está no fato de que o TDAH está associado com comportamentos que interferem no desempenho escolar, pessoal e, futuramente, profissional dos indivíduos.
O tratamento do TDAH se baseia em intervenções psicológicas e tratamento medicamentoso. Há evidências de que o tratamento psicológico mais indicado para o transtorno é baseado em estratégias da psicologia comportamental. Neste caso, são importantes intervenções também no ambiente social da criança, como em casa e na escola. O uso de medicamentos, quando necessário, deve ser prescrito por um médico psiquiatra, que avaliará a droga mais adequada e monitorará continuamente os resultados e a resposta ao medicamento. Pode haver situações onde o uso de medicamentos é dispensável.