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Como a Paternidade mudou em 10 anos? – estudo mostra comparativo entre pais brasileiros

16 de novembro de 2019


Um estudo publicado no último mês na revista de psicologia Fractal investigou como o papel do pai no cuidado dos filhos se transformou nos últimos anos. Pesquisas na área apontam que o desenvolvimento do papel paterno na família apresenta transformações em especial no que se refere ao envolvimento afetivo com os filhos e filhas.

O estudo foi realizado a partir de depoimentos de pais, publicados em revistas impressas sobre cuidado parental – há, portanto, um recorte social e econômico para a pesquisa e os resultados observados obviamente não podem ser generalizados para todos os homens que foram pais nesse período.

Foram analisados 17 depoimentos, referentes ao ano de 2004 e ao ano de 2014. Os depoimentos foram analisados a fim de se encontrar as significações referentes à paternidade e ideias associadas.

Demanda da sociedade X Demanda interna


Os resultados apontam diferenças nas redes de significações sobre a vivência da paternidade na representação social das duas épocas. Anteriormente, o foco da participação dos pais no processo de educação dos filhos era na “transmissão de valores e regras”. Existia uma preocupação do homem com a formação do filho ou da filha em termos de cidadania, e o homem via a tarefa de passar valores ao filho como uma obrigação, responsabilizando-se em transmitir um bom exemplo.

Já na última década, além da participação nos cuidados e na vida cotidiana dos filhos, o homem parece preocupado mais com uma “preparação subjetiva” para que possa exercer essa participação. O pai parece ir além das preocupações relacionadas à formação dos filhos, buscando outras formas de se relacionar com eles no exercício da paternidade. Essa preparação se diferencia daquela do homem de 2004, uma vez que agora o homem se preocupa em preparar-se em termos de aprendizado das tarefas necessárias para cuidar de uma criança.



Nos últimos anos, o homem tem focado em uma preparação interna, em que se “permite deixar ser”, permite aflorar as emoções nesse processo de preparação. Os depoentes do ano de 2014 trazem em seus discursos a importância da desconstrução de antigos estereótipos para que possam exercer sua paternidade de forma mais afetiva e participativa. Ao mesmo tempo, trazem um sentimento de fraqueza e inutilidade comparado à mulher em seu papel de mãe, justamente porque passaram a perceber a maior importância dada pela sociedade ao papel materno em relação aos cuidados com a criança.

Na representação social do ano de 2004, as preocupações estavam relacionadas às demandas sociais, referentes à participação e ao envolvimento afetivo do pai. Estes aspectos eram compreendidos como demandas da sociedade, relacionadas ao comportamento do “pai ideal” naquele momento sócio-histórico. Já na representação social do ano de 2014, as preocupações surgem relacionadas às demandas internas do próprio sujeito que se torna pai.

As autoras do estudo concluem que em cada momento da história sempre haverá desafios para a paternidade, criando uma multiplicidade de paternidades possíveis. Em todos esses momentos, é necessária uma abertura do homem para acolher a criança que virá, ou seja, uma abertura para a experiência da paternidade – junto de seus desafios e responsabilidades. Assim, o homem abre caminho para sua própria transformação, aprendendo a ser pai e exercer esse papel de forma satisfatória.






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