Educadores como Thomas Arnold e Pierre de Coubertin defendem
o esporte como contexto positivo e apropriado para ensinar o fair play
(“jogo limpo”, no português), o que contribuiria para a educação social e moral
dos jovens de forma geral, por meio do desenvolvimento de habilidades de cooperação,
enfrentamento de estresse, tolerância à frustração e atraso de recompensas.
Por outro lado, autores como Pilz (1995), afirmam que a
prática esportiva tem favorecido o jogo enganoso e agressivo,
principalmente em função da vitória como objetivo a qualquer custo. Há de fato
uma crença generalizada de que a esportividade está se deteriorando cada vez
mais nas competições infantis, local onde deveria ser promovida. Uma das
hipóteses levantadas pelos pesquisadores é a de que muitos programas de iniciação
esportiva copiam o modelo do esporte profissional que valoriza demasiadamente a
vitória.
Por conta disso, há uma preocupação de alguns psicólogos do
esporte, principalmente nos Estados Unidos, Inglaterra e na Espanha com o fato
de o contexto esportivo possibilitar ou prejudicar o desenvolvimento de comportamentos
de fair play.
Para a maioria dos pesquisadores na área, contudo, o
esporte não é, por si só, contexto positivo ou negativo para o
desenvolvimento de comportamentos de fair play, mas sim um contexto
neutro. Sua conotação positiva ou negativa dependerá da orientação dos
organizadores de competições e de outras pessoas importantes envolvidas nesse
contexto, como treinadores, pais, amigos e o público em geral e, ainda, do desenvolvimento
de atividades que permitam a identificação de modelos de regras adequadas,
reforcem comportamentos pró-sociais, discutam diferentes perspectivas e falem
das vantagens desses momentos de ensino.
Fonte: MORAIS et al. (2019). Comportamentos antiesportivos e de fair play em categorias de base do futsal. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 21(2), 136-150.