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Conflitos entre irmãos: o que fazer quando as crianças estão brigando mais por causa da quarentena?



"Agora é minha vez de jogar!"
"Mãããeee! Olha o Miguel aqui!"
"Eu peguei o controle primeiro!"
“Ela comeu mais biscoito do que eu!”

A rivalidade entre irmãos já é bastante estressante em circunstâncias normais. Agora que as crianças estão em casa o dia todo, sem nenhuma saída por causa da recomendação de isolamento social, o que parecia um conflito normal anteriormente pode agora estar deixando os pais loucos.

Existem algumas estratégias para responder de maneira eficaz quando seus filhos estiverem causando o caos.

Mas, antes de tudo, é preciso lembrar que:

Você não tem o poder de fazer seus filhos amarem um ao outro. Esse não deve ser seu objetivo e, se você tentar, pode levar a mais rivalidade. O que você pode controlar são as regras do jogo e ficar de olho na segurança física e emocional das crianças.

Não é seu trabalho resolver todos conflitos das crianças. Se você assumir a responsabilidade de consertar tudo, as crianças sempre recorrerão a você em momentos de conflito. Além de não dar oportunidade para elas aprenderem a se virarem sozinhas, você se sentirá muito sobrecarregada.

Evite ser o juiz. Não tire conclusões preciptadas sem provas, e, a menos que você tenha certeza absoluta do que está em jogo e das atitudes tomadas por casa um, não escolha lados para proteger ou acusar um ou outro.

Não acredite facilmente no que as crianças dizem ("ele fez isso", "ela falou aquilo"). Tente enxergar a situação como um todo e a necessidade de cada um dos filhos. Se você acha que entendeu a situação, tente explicar para as crianças sua percepção: "parece que sua irmã tem uma ideia diferente da sua para montar esse quebra-cabeça"; "você pensou que ele já tinha terminado de assistir a TV".

Momento "pause"


Assim como a maioria dos vídeos e dos games eletrônicos tem a opção “pause”, você pode estabelecer previamente a estratégia que se chama Momento Pause: quando as crianças estiverem machucando uma a outra com palavras ou golpes, você se aproxima de cada uma tocando com o dedo como se apertasse um botão dizendo "pausando... pausando" que é uma pista para elas entenderem que é hora de parar e esperar. Em seguida, você segue em sua mediação para ajudá-los a resolver o problema.

Concentre-se no que você quer que seu filho faça, não na infração. Embora isso possa parecer contraintuitivo, o foco nas ações erradas tende a sair pela culatra e apenas aumenta o comportamento negativo. Depois de apresentar a transgressão, forneça uma opção para resolver o problema.

Imagine que seu filho arremesse longe um brinquedo do irmão. Ao invés de dizer apenas "não pode!", você pode dizer: "Não é legal jogar o brinquedo do irmão. Você quer ir lá pegar e devolver sozinho ou posso ir com você lá pegar?"

Uma ótima estratégia que pode ser usada com crianças a partir de quatro ou cinco anos é dar a elas cinco minutos para realizarem sua própria “reunião” para criar um plano de como elas podem resolver o problema. O adulto pode resumir o problema e orientar a busca de solução, então se afasta um pouco e fica observando de longe:

“Temos um problema aqui: a Luiza quer brincar com o tablet e a Clarinha também quer brincar com o tablet; então vamos ter que parar e pensar num plano para resolver esse problema; qual das duas pode dar uma sugestão? Eu vou ali rapidinho e depois volto para ver o que vocês duas pensaram para resolver o problema."


As crianças comumente preferem resolver o problema e continuar brincando. Em seguida, apresentam a solução para você. Se for aceitável, eles podem seguir seu caminho alegre e continuar se divertindo. O legal dessa estratégia é que, para continuar brincando juntos ou ter acesso a um brinquedo desejado, eles precisam colaborar.

Mas, se não ser certo, você pode:

- Tire o objeto pelo qual eles estão brigando por um período de tempo. Informe-os quando receberão de volta e tenham a chance de trabalhar o compartilhamento novamente. Depois de experimentar a consequência de suas ações, é mais provável que as crianças mudem seu comportamento e façam uma escolha melhor.

- Separe fisicamente seus filhos por um período de tempo determinado, para que eles se acalmem se estiverem ficando muito agressivos fisicamente. Isso não é castigo. É para manter todos em segurança. “Parece que você está tendo dificuldade em manter seus movimentos sob controle. É hora de uma pausa em um lugar seguro. Então depois podemos tentar novamente."

O relacionamento entre irmãos é um “campo de treinamento” para a construção de todo tipo de habilidades para conviver com os outros: como compartilhar, revezar-se, lidar com a inveja, criar empatia, aprender a colaborar e resolver problemas em conjunto.

Algumas pesquisas tem mostrado que crianças que crescem com irmãos desenvolvem melhores competências sociais justamente por “treinarem” resoluções de conflitos desde pequenas.
Portanto, não tema os conflitos que surgem entre seus filhos. Quando você se posiciona como facilitador desse processo, em comparação com o solucionador de todos os problemas, isso pode reduzir o conflito e aumentar a probabilidade de que seus filhos aprendam a respeitar, valorizar e até, como consequência, se amarem.




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Algumas referências:

Bedford, V. H., Volling, B. L., & Avioli, P. S. (2000). Positive Consequences of Sibling Conflict in Childhood and Adulthood. The International Journal of Aging and Human Development, 51(1), 53–69.

Downey, D.B. and Condron, D.J. (2004). Playing Well with Others in Kindergarten: The Benefit of Siblings at Home. Journal of Marriage and Family, 66: 333-350.

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