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Comportamento Antissocial NÃO é timidez

No senso-comum, o termo antissocial é comumente usado para nos referirmos a pessoas tímidas, introvertidas, reservadas ou que evitam participar de eventos públicos onde é necessário iniciar e/ou manter relações sociais.

É comum um jovem que se recusa a participar de uma festa ou ir ao cinema com os colegas ser rotulado como antissocial.

Entretanto, na linguagem técnica, dentro da literatura científica das ciências do comportamento, o termo antissocial tem outro sentido.

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Comportamento antissocial na infância pode ser uma preocupação para pais e educadores.


O que significa Antissocial?

Todos nós, estamos, a todo o momento, interagindo com outras pessoas que fazem parte de nossa comunidade. Somos, cada um de nós, elementos de um grupo social, e nossas ações no mundo têm consequências para esse conjunto do qual fazemos parte.

Em um grupo social, nossas ações podem trazer benefícios (comportamentos pró-sociais) ou causar prejuízos (comportamento antissocial) para alguma pessoa ou para todo o grupo. Por isso, em todas as sociedades humanas leis são criadas e direitos são definidos a fim de se estabelecer regras para uma boa convivência.



COMPORTAMENTO PRÓ-SOCIAL

Comportamentos que tem como objetivo ajudar ou trazer benefícios para outras pessoas ou para todo o grupo social.

COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL

Comportamentos que violam direitos ou transgridem regras, causando prejuízos para outras pessoas ou para todo o grupo social.




Chamamos de Comportamento Antissocial um conjunto de comportamentos que causam prejuízos, direta ou indiretamente, a outras pessoas (ou mesmo a animais). O comportamento antissocial é aquele que transgride regras, viola direitos ou que não está de acordo com os valores morais de um grupo social.

São exemplos de comportamentos antissociais: roubar, matar, agredir, mentir, vandalizar, estuprar, assediar, violentar, desrespeitar, torturar, xingar, intimidar etc. Ou seja, sob o rótulo de antissocial, estão incluídos muitos comportamentos, desde infrações leves até comportamentos tipificados como crimes em nossa legislação.


Quando o problema vira transtorno


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Comportamento antissocial na infância pode ser
uma preocupação para pais e educadores.
Por sua própria definição, é óbvio que o comportamento antissocial é um problema que deve ser prevenido e corrigido. É evidente também que a ocorrência de comportamentos antissociais pode ser observada no curso de desenvolvimento normal de qualquer pessoa: ou seja, muito provavelmente todos nós, em algum momento da vida, já agimos contra alguma regra social (xingar, pegar algo escondido, mentir a idade para entrar num evento com restrição de idade, subornar o guarda para evitar uma multa, etc.), sobretudo em nossa infância ou adolescência.

Entretanto, quando os comportamentos antissociais de uma pessoa são frequentes, exagerados quando comparados a pessoas da mesma idade, causam grandes prejuízos e são constantes ao longo do tempo, ainda que não sejam caracterizados como crimes, essa pessoa deve ser assistida com um olhar mais cuidadoso.

Crianças e adolescentes que frequente e exageradamente violam regras e cometem delitos (os popularmente chamados delinquentes ou trombadinhas) tem maior probabilidade de serem adultos criminosos.

Há ainda ocorrências em que a manifestação de comportamentos antissociais pode ser caracterizada como um transtorno psicopatológico.

Nos manuais de diagnóstico de transtornos mentais e do comportamento, os transtornos sob os quais se incluem predominantemente comportamentos antissociais na infância ou adolescência são o Transtorno de Oposição Desafiante e o Transtorno de Conduta. Quando não tratados, adolescentes diagnosticados com esses transtornos podem evoluir quando adultos para o Transtorno de Personalidade Antissocial.


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Comportamento antissocial na infância: violência e agressão são exemplos de comportamentos antissociais.

Diferente do que muitos pensam, a caracterização desses comportamentos como transtornos psicopatológicos não é uma forma de justificar sua ocorrência sob a alegação de que são doenças orgânicas. Pelo contrário, as teorias causais desses transtornos enfatizam a presença de fatores de risco social, incluindo as atitudes dos pais em relação aos filhos (negligência, abuso físico e psicológico, disciplina relaxada, punição inconsistente e monitoria negativa), assim como características da comunidade (vizinhança com alto índice de criminalidade e associação com pares delinquentes).



Para saber mais:

ROCHA, Giovana V. Munhoz. Comportamento Antissocial: Psicoterapia para Adolescentes Infratores de Alto Risco. Curitiba: Juruá, 2012.

DEL PRETTE e DEL PRETTE (Orgs.). Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem: questões conceituais, avaliação e intervenção. Campinas: Alínea, 2003.

GAUER, VASCONCELLOS e DAVOGLIO. Adolescentes em Conflito: Violência, Funcionamento Antissocial e Traços de Psicopatia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012.

BORDIN e OFFORD. Transtorno da conduta e comportamento anti-social. Revista Brasileira de Psiquiatria, 2000.

PACHECO et al. Estabilidade do comportamento anti-social na transição da infância para a adolescência: uma perspectiva desenvolvimentista. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2005.

BARBOSA et al. Agressividade na infância e contextos de desenvolvimento: família e escola. Revista PSICO, 2011.

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