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Essa professora do Infantil fez uma experiência sobre racismo com sua turma de 5 anos e o resultado é perturbador



A professora Gabi Saraiva realizou uma atividade com sua turma da Educação Infantil.

Ela apresentou às crianças, de 5 e 6 anos, bonecas de papel em diferentes tons de pele e pediu que elas a ajudasse a criar uma história. Os pequenos votariam nas bonecas para escolher quais representariam cada personagem na história: qual seria a princesa, o príncipe, a bruxa e o vilão.

O resultado da pesquisa com as respostas das crianças está nas fotos (VEJA ACIMA). As bonecas e bonecos brancos foram escolhidas como príncipes e princesas e os negros como bruxas ou vilões.

Veja a publicação completa da professora nas redes sociais:



Quando perguntarem pra você se o Dia da Consciência Negra é importante, mostre essas fotos.
Essa é uma atividade que eu fiz com a minha turma de pré (5 e 6 anos).
Busquei em um site de bonecas de papel três modelos diferentes de bonecas - branca, parda e negra.
Colei as bonecas na lousa e avisei as crianças que queria a ajuda delas para montar uma história: as crianças votariam nas bonecas que seriam a princesa, o príncipe, a bruxa e o vilão.
O resultado da pesquisa com a resposta das crianças está nas fotos.
Perguntei porque os negros foram escolhidos como vilão e bruxa.
Os argumentos para justificar a escolha foram: a roupa das pessoas negras é feia; o cabelo é feio; as pessoas brancas são mais bonitas.
São respostas de crianças de 5 e 6 anos que não sabem e nem entendem o que é racismo - quando comecei a escrever a palavra na lousa, e elas acompanharam lendo letra a letra, somente duas crianças adivinharam antes que eu terminasse de escrever. E quando perguntei se alguém sabia o que era, ninguém soube responder.
A última foto é outra atividade: pedi que as crianças fossem até a biblioteca da escola e escolhessem um livro. As únicas regras eram: 1) a escolha era pela capa - se a capa do livro parecesse interessante, era pra pegar; 2) a história do livro precisava ter pessoas na capa - não podia ser de monstro, bicho etc; 3) elas teriam apenas um minuto para escolher os livros.
Depois, pela capa, contamos a quantidade de pessoas negras que apareceu nos livros... Como brancos tinha uma variedade grande de "cor de cabelo", sentiu-se a necessidade de separar isso também, mas, no final, contamos 20 personagens brancas e 2 personagens negras nas capas.


Então, da próxima vez que alguém reclamar do Dia da Consciência Negra, pode mostrar essas fotos. As duas professoras que estavam comigo no momento da atividade (as incríveis Ingrid e Renata) ficaram incomodadas e, assim como eu, tensas a cada voto.
Minhas criança lindas, maravilhosas, que todos os dias me enchem de orgulho, são racistas? Não, mas elas, tão novas, já estão com o racismo internalizado assim como todas as outras crianças e adultos que vivem e aprendem nessa sociedade racista.
(Fiz alguns comentários pertinentes em cada foto que também vale a pena ler, pra quem se interessar)
ATUALIZAÇÃO/2018: Essa postagem ganhou mais compartilhamentos do que eu esperava, então, merece uma atualização, afinal, já se passaram 4 anos. Hoje tem algumas coisas que eu mudaria nessa atividade (colocaria todas as moças com as mesmas roupas, não falaria mais em tom de pele pardo – e, ao mesmo tempo, aprendi sobre colorismo e como a pessoa negra com o tom de pele mais claro vai ter mais privilégios que uma com o tom mais escuro), mas, basicamente, ela continua importante. Ainda mais como tomada de consciência para professores e famílias, porque, claro, é muito chocante você perceber que crianças podem ter atitudes racistas.
Mas nossas crianças NÃO SÃO RACISTAS. A sociedade em que elas estão inseridas é racista e elas vão assimilar isso e, se não trabalharmos com esse tema desde pequenas, irão se tornar adultos racistas.
Todos os adultos são racistas. Você pode se indignar e gritar comigo dizendo que você não é racista. Mas é. A sociedade te ensinou a ser assim. Uma hora você vai se pegar (ou não) pensando ou fazendo algo racista.
Vai se envergonhar se tiver consciência, se for anti-racista. Mas vai passar batido se não. Esse “passar batido” que é perigoso, que deve ser chamado a atenção, que deve ser evitado.
Esse ano, uma aluna minha fez um comentário racista sobre uma colega. Eu avisei a mãe. A mãe não deixou o episódio passar batido. Primeiro ela chorou, se envergonhou, repensou tudo o que ensinou à filha até então. Depois conversou com a criança, conversou em família, com o pai, com ela, com a irmã, mostrou vídeos, foi bem explícita que aquela atitude estava errada.
O Dia da Consciência Negra sempre será importante, ainda mais enquanto ainda estivermos nessa sociedade racista. Ainda mais agora, nesses tempos conturbados onde racistas sentem-se legitimados por uma figura política.



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