![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNYHZT1AnMZ0YZ-0-sgmL4ZQYF4J3-_qwEK38cjVnbsKnO3V5VsegC1ZMyZVDSWiN4GlS1wvTjIuYzPWX37RyxOMe4J0wj12lgizjMQJ-U6jZ61a3zVAbR7VoQ1TplN79_ngsLG1fXINw/s640/dia-consciencia-negra-atividade-escola.jpg)
A professora Gabi Saraiva realizou uma atividade com sua turma da Educação Infantil.
Ela apresentou às crianças, de 5 e 6 anos, bonecas de papel em diferentes tons de pele e pediu que elas a ajudasse a criar uma história. Os pequenos votariam nas bonecas para escolher quais representariam cada personagem na história: qual seria a princesa, o príncipe, a bruxa e o vilão.
Ela apresentou às crianças, de 5 e 6 anos, bonecas de papel em diferentes tons de pele e pediu que elas a ajudasse a criar uma história. Os pequenos votariam nas bonecas para escolher quais representariam cada personagem na história: qual seria a princesa, o príncipe, a bruxa e o vilão.
O resultado da pesquisa com as respostas das crianças está nas fotos (VEJA ACIMA). As bonecas e bonecos brancos foram escolhidas como príncipes e princesas e os negros como bruxas ou vilões.
Veja a publicação completa da professora nas redes sociais:
Quando perguntarem pra você se o Dia da Consciência Negra é importante, mostre essas fotos.
Essa é uma atividade que eu fiz com a minha turma de pré (5 e 6 anos).
Busquei em um site de bonecas de papel três modelos diferentes de bonecas - branca, parda e negra.
Colei as bonecas na lousa e avisei as crianças que queria a ajuda delas para montar uma história: as crianças votariam nas bonecas que seriam a princesa, o príncipe, a bruxa e o vilão.
O resultado da pesquisa com a resposta das crianças está nas fotos.
Perguntei porque os negros foram escolhidos como vilão e bruxa.
Os argumentos para justificar a escolha foram: a roupa das pessoas negras é feia; o cabelo é feio; as pessoas brancas são mais bonitas.
São respostas de crianças de 5 e 6 anos que não sabem e nem entendem o que é racismo - quando comecei a escrever a palavra na lousa, e elas acompanharam lendo letra a letra, somente duas crianças adivinharam antes que eu terminasse de escrever. E quando perguntei se alguém sabia o que era, ninguém soube responder.
A última foto é outra atividade: pedi que as crianças fossem até a biblioteca da escola e escolhessem um livro. As únicas regras eram: 1) a escolha era pela capa - se a capa do livro parecesse interessante, era pra pegar; 2) a história do livro precisava ter pessoas na capa - não podia ser de monstro, bicho etc; 3) elas teriam apenas um minuto para escolher os livros.
Depois, pela capa, contamos a quantidade de pessoas negras que apareceu nos livros... Como brancos tinha uma variedade grande de "cor de cabelo", sentiu-se a necessidade de separar isso também, mas, no final, contamos 20 personagens brancas e 2 personagens negras nas capas.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9gAFuM_iMHGp_eU3YISQ64OmUSCGfGZS8zbexfvUBHyKVHkSm7MeOJMBEW2k8GS8ksz9cjttqyBukniOsMF0GMdaL88_G_tYjt433HICtwfxz3lXaiLSeIDp5upOyVpcIlJ1TTy2bPQQ/s640/dia-consciencia-negra-atividade-escola-capa.jpg)
Então, da próxima vez que alguém reclamar do Dia da Consciência Negra, pode mostrar essas fotos. As duas professoras que estavam comigo no momento da atividade (as incríveis Ingrid e Renata) ficaram incomodadas e, assim como eu, tensas a cada voto.
Minhas criança lindas, maravilhosas, que todos os dias me enchem de orgulho, são racistas? Não, mas elas, tão novas, já estão com o racismo internalizado assim como todas as outras crianças e adultos que vivem e aprendem nessa sociedade racista.
(Fiz alguns comentários pertinentes em cada foto que também vale a pena ler, pra quem se interessar)
ATUALIZAÇÃO/2018: Essa postagem ganhou mais compartilhamentos do que eu esperava, então, merece uma atualização, afinal, já se passaram 4 anos. Hoje tem algumas coisas que eu mudaria nessa atividade (colocaria todas as moças com as mesmas roupas, não falaria mais em tom de pele pardo – e, ao mesmo tempo, aprendi sobre colorismo e como a pessoa negra com o tom de pele mais claro vai ter mais privilégios que uma com o tom mais escuro), mas, basicamente, ela continua importante. Ainda mais como tomada de consciência para professores e famílias, porque, claro, é muito chocante você perceber que crianças podem ter atitudes racistas.
Mas nossas crianças NÃO SÃO RACISTAS. A sociedade em que elas estão inseridas é racista e elas vão assimilar isso e, se não trabalharmos com esse tema desde pequenas, irão se tornar adultos racistas.
Todos os adultos são racistas. Você pode se indignar e gritar comigo dizendo que você não é racista. Mas é. A sociedade te ensinou a ser assim. Uma hora você vai se pegar (ou não) pensando ou fazendo algo racista.
Vai se envergonhar se tiver consciência, se for anti-racista. Mas vai passar batido se não. Esse “passar batido” que é perigoso, que deve ser chamado a atenção, que deve ser evitado.
Esse ano, uma aluna minha fez um comentário racista sobre uma colega. Eu avisei a mãe. A mãe não deixou o episódio passar batido. Primeiro ela chorou, se envergonhou, repensou tudo o que ensinou à filha até então. Depois conversou com a criança, conversou em família, com o pai, com ela, com a irmã, mostrou vídeos, foi bem explícita que aquela atitude estava errada.
O Dia da Consciência Negra sempre será importante, ainda mais enquanto ainda estivermos nessa sociedade racista. Ainda mais agora, nesses tempos conturbados onde racistas sentem-se legitimados por uma figura política.