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“Falar sozinho” pode ser sinal de inteligência: ajuda a orientar o comportamento, diz estudo


É normal falar sozinho

Todo mundo fala consigo mesmo, várias vezes por dia. Mas geralmente falamos conosco em pensamento: também chamado de fala interior. Às vezes essa fala “sai pra fora”. E pode ser um pouco constrangedor quando alguém pega a gente pensando, digo, falando sozinho.


Pode parecer um comportamento irracional ou, no mínimo, estranho. Mas é perfeitamente natural. Na verdade, nosso pensamento começa justamente como fala exterior na infância e só depois vai se interiorizando e vira nossa “vozinha interior”.

Você já deve ter visto uma criança pequena brincando, por volta dos dois ou três anos, narrando o que está fazendo. Pesquisas sugerem que essa fala autodirigida em crianças pode ajudar a orientar seu comportamento. Por exemplo, as crianças costumam falar a si mesmas passo a passo, amarrando os cadarços dos sapatos, como se lembrassem de se concentrar no trabalho que estão fazendo (muitas vezes lembrando as orientações dadas por adultos).

Algumas pesquisas sugerem que ensinar as crianças hiperativas a falar consigo mesmas pode ajudá-las a ter maior autocontrole.

Falar conosco mesmos, além de orientar nosso comportamento, também serve como planejamento: a maioria das pessoas falam sozinhas como se estivessem ensaiando uma conversa com alguém.


Conversar consigo também pode ajudar adultos?


Em um estudo recente publicado no Quarterly Journal of Experimental Psychology, os psicólogos Gary Lupyan e Daniel Swingley realizaram uma série de experimentos para descobrir se falar consigo mesmo pode ajudar na busca de objetos. Os estudos foram inspirados por observações que as pessoas costumam murmurar de maneira audível quando tentam encontrar, por exemplo, as chaves do carro ou o carregador do celular.

No primeiro experimento, os participantes receberam 20 figuras de vários objetos e foram solicitadas a encontrar um em particular. Em algumas tentativas, os participantes viram um rótulo de texto dizendo a eles que objeto deveriam encontrar ("Por favor, procure o bule de chá".) Em outras tentativas, os mesmos sujeitos foram solicitados a procurar novamente enquanto diziam a palavra para si mesmos. Verificou-se que falar consigo mesmo ajudou as pessoas a encontrar os objetos mais rapidamente.

Em um experimento de acompanhamento, os participantes realizaram uma tarefa virtual de compras, na qual viram fotografias de itens comumente encontrados nas prateleiras dos supermercados e foram solicitados a encontrar, o mais rápido possível, todas as instâncias de um item específico. Por exemplo, os participantes seriam solicitados a encontrar todos os sacos de maçãs ou todas as garrafas de Coca Diet. Aqui também havia uma vantagem em falar o nome do objeto quando os participantes procuravam produtos muito familiares. Por exemplo, dizer "Coca-Cola" ao procurar Coca-Cola ajudou.

Na próxima vez que você perder suas chaves, você poderá murmurar "chaves chaves chaves" para si mesmo enquanto as procura e ignorar os olhares estranhos que você pode estar tendo…


Para saber mais:

Gary Lupyan e Daniel Swingley. Self-directed speech affects visual search performance. The Quarterly Journal of Experimental Psychology, 2011.

Meichenbaum, D. H., & Goodman, J. (1971). Training impulsive children to talk to themselves: A means of developing self-control. Journal of Abnormal Psychology, 77(2), 115–126.








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